Visite, também, www.clubecharme.blogspot.com

sábado, 22 de outubro de 2011

Clube Black no YouTube

Para facilitar que os internautas tenham mais acesso a Black Music no mundo virtual, resolvi criar um canal de comunicação no YouTube, onde comecei a postar músicas black para animar corpos e almas. É mais um canal de comunicação do Clube Black - O Som dos Bailes com os amantes deste estilo musical, abrangendo algumas de suas derivações.
E para ter acesso ao YouTube basta clicar no título desta postagem.
Saudações Black!

sábado, 25 de junho de 2011

Onde tudo começou

Lembro-me, com perfeição e nitidez absurda, os momentos felizes que - juntamente com meus irmãos Juliano, Luciano e Rodrigo, ou com o amigo Joel Carlos Rogério, o Joe - sentávamos em frente ao rádio e ficávamos ouvindo a Rádio Mundial, a primeira AM estéreo do país, antenados nos programas de Black Music. No programa Ritmos de Boate, sempre a zero hora, ou do Som dos Bailes, aos sábados, às 18 horas. Ou da expectativa de chegar o final de semana para poder dançar - com Marto, Dé, Thu, Fernando, Edinho e outros - no grande salão do Palmeirense Futebol Clube, quando a "galera" se reunia para dançarmos sempre com passos ensaiados.

Tudo isso na década de 80, na minha cidade natal Ponte Nova, encravada na Zona da Mata de Minas Gerais. Lembro-me também das brigas com o rádio, quando o sinal ficava fraco e o som ficava baixo demais, quase inaudível. Encostávamos o ouvido no rádio e ficávamos torcendo para o sinal melhorar logo. O programa Ritmos de Boate, com a vinheta sedutora de Munnnndiaaalllllll, ainda está vivo em minha mente e provoca sorrisos solitários em plena multidão. Ou aquela voz mágica que anunciava com sensualidade e elegância: oito...... meia...... zero..... Mundial!

As músicas que tocavam no programa Ritmos de Boate faziam-me, e ainda fazem, distanciar-me dos problemas do cotidiano; da corrupção na política; da violência causada, em alguns casos, pela omissão do Estado; pelas mazelas que afetam diretamente os moradores da periferia; pela futilidade e vaidade excessiva de políticos que preocupam-se apenas com seus projetos pessoais; da senhora de idade, com sua humildade e sorriso estampado no rosto, catando latinhas de alumínio nos shows para garantir algum dinheiro para o próprio sustento ou dos senhores já cansados pela idade avançada que empurram, às vezes sem forças, carrinhos de picolés em busca de dignidade.

Aos sábados, às 18 horas, a Rádio Mundial obrigava-me a ter um compromisso inadiável: ouvir o programa O Som dos Bailes. Os "balanços" que embalavam sonhos, esperanças, frustrações e desejos tornavam a vida mais amena e mais justa, porque permitiam que todos, independente da classe social, religiosa ou cultural, pudessem pertencer a mesma "tribo" e a mesma raça: a humana. Sem distinção! Pertencemos a uma mesma raça, independente da cor da pele, das condições financeiras, das classes sociais, religiosas ou culturais. Naquela época, um sonho surgiu: fazer um programa de Black Music, onde todas as "tribos" blacks pudessem se encontrar, sem preconceito, mesmo que virtualmente, tornando-se irmãos pelas ondas do rádio. Mas a vida me impôs outros caminhos. Mudei-me para Montes Claros, Norte de Minas Gerais. Esse sonho estava enterrado dentro da minha alma e pelas acomodações naturais na vida de quem sempre teve que trabalhar para garantir o dia de amanhã.

Mas um fato mudou a minha vida: a morte do meu pai, Ivan Sezko, em 2007. No velório, em pleno silêncio da madrugada, olhando para o corpo dele, pensando quais sonhos ele teria realizado e quais faltavam, uma música, um Charme (Its Your Life - Experience Alternative), tocou na minha cabeça, involuntariamente: "Do you remember your dreams, do you remember your hope?" (Você se lembra dos seus sonhos, você se lembra das suas esperanças?) Foi quando resgatei dentro de minha alma o sonho do programa de Black Music, voltando para os ritmos dos bailes, onde todos são iguais nesta tribo da música negra. E não a Black Music que escolhe os seus adeptos pela cor da pele, mas pela cor da alma. E posso dizer: minha alma é black. E meus sonhos não morreram. Eles renasceram naquele momento, como Fenix, o pássaro da mitologia Grega que renasce das próprias Cinzas. E esse renascer tem nome: Clube Black - O Som dos Bailes. Foram praticamente três anos de pesquisas e coleta de músicas. O programa ficou no ar, pela Rádio Expressão FM, durante quase cinco meses. Teve vida curta. Agora, trabalho na possibilidade de disponibilizá-los na web. Um novo desafio.

Seja bem-vindo a esta tribo. Seja bem-vindo a esse estilo de vida em harmonia com o mundo e com os nossos próprios corações. Que a Black Music una nossas vidas, mas, antes de tudo, que una as almas black em busca de um mundo mais justo e cheio de "balanços".

Você é o nosso convidado especial. Entre neste grande baile em busca de confraternização e de um ritmo que move corpos, mentes e almas.
Que Deus continue nos protegendo. Hoje e sempre!

Rompendo preconceitos

Recordo-me perfeitamente quando ouvi, pela primeira vez, em minha adolescência, uma "batida" de uma música, que fazia, involuntariamente, o corpo balançar. O coração acelerava e a identificação com aquele som foi imediata. Meu primeiro contato com a black music. Freestyle, funk, rap, hip hop, R&B (o famoso Charme, graças a tirada do Dj Corello, que chamou a galera para dançar bem devargazinho, com muito charminho, criando um novo estilo: o Charme) ou outras derivações da Black Music me encantam. A verdade é que a Black Music não tem meio termo. Ou gosta ou não. Mas quando se gosta, a relação é estreita demais.

Como a origem da Black Music remonta as batidas de músicas do continente africano, da Mãe África, com os tambores de tribos indígenas, há também o preconceito. Foram os negros que "inventaram" a batida marcante. Vítima histórica, graças aos preconceito, o negro também viu essa preconceito ser transferido para a música. Associada por décadas - e ainda o é -, a marginais e bandidos, esse estilo de música vem ganhando espaço e reconhecimento. Ainda nos Estados Unidos, durante a escravidão, as músicas africanas eram associada ao demônio por um motivo simples: ao ouvir as batidas as pessoas começavam a dançar involuntariamente. Para muitos a explicação é ainda mais simples:como as batidas lembram as batidas do coração a reação é natural e expontânea.

O grande problema nos dias atuais é que parte da mídia, às vezes, associa o funk, rap e hip hop nacional a músicas de letras pouco construtivas e de conotação meramente sexual e apelativas. E a bailes recheados de violência. Isso dá ibope. Mas essa é apenas uma parte. Existe o rap nacional que consiste em verdadeiros apelos sociais, que demonstram a realidade das favelas, as manifestações contra a corrupção e criminalidade e que orientam jovens a fugirem da vida do crime e das drogas. Outra crítica é que boa parte das músicas abordam a violência. Mas, muitas vezes,a abordagem é para mostrar que o crime não compensa, por ter apenas dois caminhos conhecidos: a prisão ou o cemitério. Mas é óbvio que o motivo maior de composição de músicas em todo o mundo continua sendo o amor! Amor correspondido ou não.

Mas essa situação de preconceito não é exclusiva do Brasil. Nos Estados Unidos, na década de 30, a expressão funky era usada para denominar o odor da relação sexual e pejorativamente foi usada referindo-se aos negros.Isso porque os negros se reuniam em lugares fechados e abafados. A dança, o lugar fechado e a energia provocavam o suor no corpo e, como uma forma de desmerecer o movimento, a expressão pejorativa.

Mas em um baile, alguém disse: coloca um funky nesta música, pedindo para colocar uma batida negra para agitar a galera. E foi isso que aconteceu. Mas a Igreja também ajudou a quebrar preconceitos. Foi na década de 60 (quando houve o movimento em busca dos direitos civis dos negros nos EUA e o Brasil vivia o regime militar) que os cantores negros encantavam com suas vozes graves os coros das igrejas. A música Soul (que significa Alma) saiu das igrejas e ganhou as ruas, reforçando o movimento da música negra. Essa energia da música negra, então, foi mais forte que o preconceito e começa então uma divulgação maior.

Das Igrejas, dos guetos, do Norte dos EUA surgiram vozes em busca de liberdade e de embalos. Os colonizadores do Norte dos Estados Unidos permitiram que os negros mantivessem as suas culturas e origens, enquanto os dos sul abafaram essas manifestações. Do blues, do jazz (sempre lamentando a vida sofrida dos negros), do soul (das igrejas), do funk, do rap e do hip hop (vindo dos guetos) nasciam uma nova expressão que irradiou para o mundo: a Black Music. E nos guetos, violentos, um desafio foi lançado: substituir a criminalidade, a violência por outra disputa. A disputa através da música. E, assim, ajudou a reduzir a criminalidade e mostrar a sua força.

Que a black music ecoe no grande baile, chamado vida.